Notícias Sem categoria

Profissionais defendem nova cultura de segurança no encerramento do Intersaúde

Sem categoria - 03.10.14

A defesa de uma nova cultura de segurança centrada no bem-estar do paciente marcou o segundo dia do I Congresso Nordeste Interdisciplinar de Saúde (Intersaúde), na tarde desta sexta-feira (3), no Fiesta Convention Center, em Salvador. O evento foi promovido pela Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Ahseb), por meio de sua Universidade Corporativa (UCAS), com apoio do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado da Bahia (Sindhosba) e da Federação Baiana de Saúde (Febase).

Durante apresentação de conferência que tratou da participação do paciente no seu processo de doença, o diretor de Residência Médica do Hospital Ana Nery, Álvaro Nonato Souza, afirmou que essa nova cultura de segurança a que os profissionais da área se referem, porém, não acontece da noite para o dia.

“Conforme estudos científicos, pode-se levar de cinco a dez anos para se criar uma cultura de segurança para o paciente”, disse Souza.

Em seguida, citou a frase cunhada por um empresário do ramo da medicina nos EUA, na qual cravou: “Se a cultura for forte, pode-se até trocar a gestão, mas ela vai resistir”.

Para o gestor, ainda há pouca transparência diante do paciente e de seus familiares. Diz acreditar, porém, que a autonomia do médico já passa por um processo de revisão.

“Para isso acontecer de fato, precisamos prestar contas uns aos outros, à sociedade e a todos. O Código de Ética Médico italiano, por exemplo, colocou, em sua ultima revisão, um artigo que obriga os médicos a mostrarem seus erros, suas falhas e resultados desfavoráveis”, ilustrou Souza.

Já a diretora executiva do Instituto Qualisa de Gestão (IQG), Mara Machado, afirmou que um dos empecilhos para essa nova cultura sair do papel está relacionado a uma série de burocracias.

“Falamos muito da segurança do paciente como se fosse uma coisa recente. O problema é que a gente ainda não compreendeu esse sistema complexo em que nós convivemos dentro das instituições. Protocolos e uma papelada que não são para enxergar o paciente, não. Esse emaranhado é para nos defender. É extremamente complicado”, salientou ela na apresentação intitulada “O dano existe. Como conduzir frente o paciente acometido pelo erro?”.

Segundo Mara, para haver mudanças palpáveis, os profissionais precisam entender o contexto atual. “Eu já não tenho mais aquele paciente de 20 anos atrás. Falamos hoje de paciente idosos, pacientes crônicos, com doenças crônicas e degenerativas. E, dentro desse contexto de complexidade do paciente, eu ainda tenho que fazer toda essa gestão de uma equipe multidisciplinar”, destacou.

“A verdade é que não fomos formados para colocar o paciente no centro da nossa atenção. Nossa formação não foi feita em cima do paciente, foi feito em cima da doença. Todos nós somos formados dentro de uma lógica biológica. E agora estamos: ‘Olha o rim, o fígado, o coração do paciente!’ Não é assim. Isso não uma transição que a gente de hoje para amanhã”, concluiu.






Opções de privacidade